domingo, 17 de abril de 2011

Passado presente - Prólogo

Covilhã, 15 de Novembro de 2000, 23 horas e 15 minutos


Lá fora soava o som de trovões, seguido da luz dos relâmpagos que surgia na janela do quarto enquanto a chuva teimava.
Liliana olhava para a sua filha Clara, enquanto esta dormia profundamente, e pousava a sua mão direita sobre a sua enorme barriga como se esta tivesse as formas do pequeno bebé que estava para nascer.
De volta ao seu cómodo quarto soou a campainha no andar de baixo.
- Deixa-te estar querida. Eu vou lá. - disse o seu marido. Descendo as escadas, Francisco perguntava-se sobre quem seria àquela hora.
Liliana ficara no quarto a preparar-se para ir dormir, o dia tinha sido cansativo e a sua gravidez de sete meses já começava a pesar-lhe nas pernas e nas costas. Mal se estendeu na sua cama começou a ouvir gritos que pareciam provir de uma grande discussão no andar de baixo, mas devido ao som do mau tempo não conseguia perceber o que as duas vozes, a do seu marido e a da visita, diziam.
Foi quando ouviu um estrondo que achou melhor descer para perceber o que se passava. Assim que desceu as escadas o seu olhar fixou o corpo estendido no chão da sala rodeado de fragmentos de vidro do que era antes uma mesa. Liliana demorou cerca de um segundo a perceber o que se passava, e foi aí que o terror se abateu sobre si... e sobre o pequeno ser que tinha dentro de si...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Remember me"

"Remember me" é um filme protagonizado por Robert Pattinson, no papel de Tyler Hawkins, e Emilie de Ravin, no papel de Ally Craig. 
Sugiro este filme a quem goste de grandes histórias de "amor" mas que acabam com um fim trágico... Sim, esta é uma dessas histórias. Quando começou o filme e assisti ao desenrolar da cena pensei sempre que no fim as personagens principais, que tanto se amam, acabariam por ficar juntos e "viveriam felizes para sempre" como é tanto usual em todas as histórias, sejam romance, históricos, científicos... No entanto, esta história é fora do normal... Mas devo dizer que é uma obra muito original, muito comovente e também muito trágica, é capaz de pôr lágrimas a escorrer pelas faces de qualquer homem, mulher, rapaz, rapariga, mãe, pai, irmão, irmã... Esta é uma história digna da nossa atenção, mas por favor, se o virem, não fiquem parados a pensar "mas que raio de filme é este que acaba com um fim tão trágico?"... Não o façam, porque esta é uma daquelas histórias que nos mostram que a realidade está sempre aqui, ao nosso lado pronta a mostrar-nos que nada é para sempre!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sem forças...

Por vezes a força que imaginamos ter dentro de nós diminui, e vai todos os dias diminuindo até que se desvanece...
É assim que me sinto... Sem forças para lutar contra o passado e contra todos os pensamentos que me assombram.
Pensamos sempre ser possíveis de ultrapassar tudo e de vencer todos os obstáculos que nos surgem todos os dias, todas as horas... Uma palavra, um gesto que sentimos ser injusto, para isto também precisamos da nossa força e da nossa capacidade de vencer, porém essa força e essa capacidade vão-se esgotando...
O acreditar na vida e na morte faz-nos querer lutar, lutar para vivermos e para resistirmos à morte, só que quando essa força para lutar parece acabar, a resistência à morte torna-se diminuta e é essa a solução que parece ideal.
Sei que não é, eu sei que a entrega ao fim da nossa vida não é uma solução que devamos seguir... Mas o cansaço por vezes é tanto que esse fim torna-se irresistivel, parece chamar-nos como um chocolate chama uma criança, e nós cansados e sem forças vamos sendo atraídos como ímanes...
Há muito que não ando bem, tento disfarçar todos os dias, assim que ponho um pé na rua, a minha postura muda. Tento parecer uma pessoa bem-disposta e sempre pronta a ajudar aqueles que precisam, sempre tentando dar o meu melhor às pessoas que me têm ajudado independentemente dos meus defeitos, e agora este cansaço já não me permite disfarçar, a possibilidade de sorrir sem vontade desapareceu e no entanto sinto-me na responsabilidade de lutar contra isso, de voltar ao que era, para pelo menos não magoar os que estão à minha volta...
Mas não sei o que tenho, é simplesmente um cansaço e uma falta de forças que se têm apoderado de mim, como se não conseguisse mais viver, como se me sentisse à beira daquele fim.
Eu nunca quis esse fim, mas às vezes parece tão apetecível que... Não sei... Sinto-me cansada, sem forças...
Quero não ligar a uma palavra ou a um gesto que não é intencional por parte de alguém à minha volta, mas sinto-me tão fraca que não consigo arranjar sequer forças para lutar contra isso, não consigo e desabo!
Já nem sei onde ir arranjar forças para concretizar tudo o que quero, nunca me vi tão prestes a desistir de tudo!
Oiço risadas à minha volta, não posso criticar, não quero criticar, mas a verdade é que o meu inconsciente faz isso mesmo, deita-me mais abaixo ainda, nem que seja apenas por estarem outros felizes! Serei egoísta por isto? Eu só quero viver em paz, quero viver com forças nem que seja para conseguir o que sempre quis!

*Ema*

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
P'ra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!

Ornatos Violeta - "Ouvi dizer"

domingo, 22 de novembro de 2009

Escuridão e solidão

Hoje só posso dizer que tudo me parece uma confusão total!
Não consigo pôr as ideias em ordem, nem sei quais são, já as perdi no mar de pensamentos que flui na minha mente. Uns pensamentos desaparecem, outros surgem e não consigo perceber a importância de cada um deles na minha vida, deixo de perceber se tudo é realidade ou mera ilusão, por isso escondo-me na escuridão e na solidão, melhor sítio não pode existir para pensarmos e deixarmo-nos estar, apenas a pensar...
E agora estou só nesta solidão escura e fria como uma noite de Inverno sem luar, aqui não há bondade nem maldade, apenas existo eu e os meus pensamentos. É nestas alturas que o mundo parece desmoronar-se, não vejo nada à minha volta, apenas escuridão, para onde foi tudo? Para onde foram todos? O mundo parece-me perdido, parece-me uma vida perdida, e por isso não vejo razões, motivos para continuar, parece, assim, o melhor a fazer desisitir...
Nunca desisti da vida, nunca tinha pensado sequer nisso, de que adiantava? Mesmo que pensasse em desistir nunca seria uma boa escolha, tinha sempre pessoas ao meu lado, mas agora para onde elas foram? Não vejo nada nem ninguém, apenas vejo preto, a escuridão e a escuridão da solidão... Então que faço eu aqui? Não faz sentido...
O sentido da vida deixou de ter sentido, portanto não há razões, nem motivos, não há explicações para ser assim, não há nada que me explique o sentido disto, porque não há explicação... Ninguém pode explicar algo que não tem explicação...
Por isso deixo-me estar nesta escuridão onde encontro a minha solidão, que algum dia me irá envolver e aí, apenas deixarei de existir...


*Ema*